Ano: 2016
Local: Curto Circuito de Performance — Chapecó/SC
Duração: 2 hora
Descrição
Sobre a performance
Carregando uma grande bolsa preta de viagem e uma escada de alumínio, páro na frente da obra O Desbravador, no centro de Chapecó. Da mala ele retiro uma bússola, um telescópio e um megafone. Subo na escada e com o telescópio começo a olhar para a estátua e a narrar com o megafone o que vejo nela. Logo após aponto o telescópio para o sentido a frente da estátua e narro o que vejo e, por fim, aponto o telescópio no sentido da cabeça do Desbravador e narro o que a estatua estaria vendo. Sempre me orientando com a bússola.
Após essa primeira narrativa, guardo todos os materiais dentro da bolsa, pego a escada e me afasta da estátua O Desbravador, andando uma quadra pela avenida Getúlio Dorneles Vargas. Na quadra seguinte, novamente monto a escada, pego a bússola, telescópio e megafone. Aponta o telescópio para a estátua, ajusto o foco e começo a narrar no megafone o que estou vendo. Aponto o telescópio no sentido contrário e começo a narrar o que estaria na frente da estátua se ela estivesse naquele lugar. E, por fim, me orientando com a bússola, narro o que a estátua estaria vendo se estivesse naquele local. Guardo todo material, afasto-me mais uma quadra da estátua e repito as mesmas ações. A performance acaba quando me afasto o bastante que não conseguo mais ver a estátua do Desbravador devido a geografia do local.
Como o próprio nome diz, esse trabalho é sobre o olhar extrangeiro. O olhar estranho de uma pessoa que não é familiarizada com um local. Esta foi minha primeira vez em Chapecó, oeste de Santa Catarina. Quando fui convidado para fazer uma performance em espaço público na cidade, pelo Curto-circuito de Performance, percebi o quão limitado era meu conhecimento sobre a região.
Em minha pesquisa encontrei obra O Desbravador, estátua monumental erguida no centro da cidade. E decidi que o trabalho partiria da minha relação como extrangeiro em relação a estátua, que também simboliza um extrangeiro e conquistador daquela região.
Deste modo, busquei trabalhar a relação de distância, proximidade, do olhar e utilizar a narração falada como meio de exprimir essa relação. Ao mesmo tempo que me referia a estátua também colocava-me no lugar dela.